Janeiro de explorações!
A leitura é de grande importância para os bebés, porque ajuda a desenvolver conexões neurológicas. Para além disso, contribui para o desenvolvimento de várias habilidades, nomeadamente a atenção, concentração e observação, a linguagem, o conhecimento de vocabulário, a criatividade e a imaginação.
Tendo presente o valor da leitura, temos vindo a realizá-la com algumas histórias e o livro de imagens “Diversas faces”, a representar diferentes expressões, foi uma das que causou maior assombro nos bebés. É interessante observar como ao longo da leitura conseguiram permanecer alguns segundos a observar as imagens e o rosto de quem contava e cantava e escutar os sons emitidos pelo adulto. A imitação por parte de um ou dois bebés rapidamente surgiu com um “Ahhh…” ou um “Ohhhh…” de admiração. Esta é também uma forma de apoiar os bebés na aprendizagem de como expressar as suas emoções.
As histórias ou as imagens, assim como outros materiais, depois de apresentados, ficam ao alcance dos bebés e estes, por vezes, solicitam ao adulto para as reler ou para as voltar a apresentar.
Podem perguntar-se: como identificam esses pedidos?
Ao observar que pegam no material e dirigem o seu olhar para nós! Ou, então, ao ver que estão a manipular livros e nos aproximamos e lhes perguntamos, delicadamente, se querem que lhes leia novamente a história, estendendo as nossas mãos ao que o bebé responde colocando o livro em cima destas, como resposta afirmativa.
Paralelamente, continuamos com o conhecimento e identificação de elementos do rosto, através da repetição das palavras, acompanhadas de gestos, pois é uma forma de aprenderem, não só a identificar e a apontar em si e nos outros, como também a desenvolver a linguagem.
Uma outra atividade que causou grande interesse foi a de conhecer os lápis de cor e de cera, uma vez que as mãos começam a não levar tudo à boca e a dar uma outra utilidade aos materiais. A descoberta de que ao colocar os lápis junto do papel colado no chão e de ver que criam algo despertou a curiosidade de muitos, sendo que uns influenciaram os outros ao movimentar e riscar com os lápis de um lado para o outro, desenvolvendo, assim, a sua motricidade fina.
Em janeiro, a natureza presenteou-nos com alguns dias de sol quentinho e convidou-nos para irmos até ao espaço exterior… Cada bebé deslocou-se da forma que se sentiu mais confiante, desafiando os seus movimentos (capacidades motoras). Enquanto cada um se movimentava de acordo com o despertar dos seus sentidos havia, simultaneamente, interação entre o espaço, materiais, adultos e amigos. Estiveram no parque a usufruir de todas as potencialidades que a natureza nos proporciona, bem como das estruturas que se encontram no mesmo. Subir/descer degraus e rampas, estar dentro/fora, atirar bolas para fora/dentro e um sem fim de desafios que cada um se colocou ou não, de acordo com o seu interesse.
Num outro momento tivemos a exploração de sacos de plástico transparentes com gelo e corante alimentar colados no vidro. O interesse de algo novo e diferente na sala despertou a atenção de todos. Uns colocaram as mãos e olharam para nós a comunicar que algo os estava a incomodar, outros colocaram as mãos e a boca e sentiram conforto, talvez pela sensação de frio nas gengivas. Quando o gelo derreteu o interesse passou a ser outro: as mãos pequenas a bater nos sacos e a ver a água em constante movimento trouxe uma outra sensação, uma vez que os gestos eram constantemente repetidos. Houve alguém que descobriu que, ao morder o saco, vertia água e essa foi uma experiência que se repetiu nos restantes sacos. Um a um passou a verter a água colorida no chão. A observação de ver o chão molhado e fazer expressões com vocalizações “Ohhhh…” e “Ahhh…”, foram sensações que apelaram os sentidos e, através destes, tudo passou a ter outro significado.
Numa outra manhã, fizemos a exploração sensorial com alimentos sólidos, como brócolos, cenoura, ervilhas e batata. Estes foram observados, manuseados e, alguns, levados à boca. Ao prová-los alguns rostos transformaram-se ao sentirem o seu sabor, manifestando o seu (des)agrado.
Apenas descrevemos alguns dos momentos de aprendizagem onde todos os intervenientes (o espaço, os materiais, a natureza, a família, a equipa, ...) colaboram entre si para alcançar o objetivo comum: promover o desenvolvimento integral de cada bebé.