O Choro do bebé

Hoje vamos partilhar convosco o quão multifuncional pode ser o choro! Venham daí absorver todas estas curiosidades e informações preciosas…

O ser humano adulto pode chorar quando se magoa ou quando está triste, mas também quando está muito feliz. Do mesmo modo, no início da sua vida, a criança comunica através do choro, pois ainda não sabe falar para exteriorizar os seus pensamentos e sentimentos. O choro de um bebé é a única forma que ele conhece para comunicar com o exterior e nós estamos biologicamente preparados para reagir ao seu choro, sendo que este muitas vezes não é só para dizer, “preciso de comer” ou “preciso de ti”, mas comunica toda uma série de outros sinais aos quais reagimos emocionalmente. Ou seja, recorrendo a diferentes tipos de choro, o bebé pode indicar-nos se está com fome, com frio, cansado, inseguro, com dores ou com algum desconforto e é importante que tentemos identificar o que está realmente a acontecer para resolver cada situação. No início, pode ser difícil identificar, mas conforme convivemos com cada bebé começamos a interpretar as suas necessidades.

Há a tendência para catalogar os bebés como seres que choram muito, mas a verdade é que eles choram pouco, mas várias vezes, tendo em conta que têm motivos diferentes. É curioso que o bebé pode ter períodos difíceis durante o dia, momentos em que chora mesmo sem estar com fome, desconfortável ou cansado. Nada do que façamos parece ajudar, mas, depois da crise, ele pode parecer mais alerta e, em seguida, dormir profundamente. Esse tipo de choro rápido ajuda-o a livrar-se do excesso de energia para que possa retomar um estado mais tranquilo e satisfeito. Outras vezes, há sobreposição de tipos de choro distintos. Por exemplo, pode acordar com fome e chorar por comida, mas, se ninguém o satisfizer, a sua vontade de comer pode dar lugar a um lamento de raiva/irritação. À medida que o bebé cresce, os seus gritos tornam-se mais fortes, altos e insistentes. Ele também começa a variar mais para transmitir diferentes desejos, por isso, a melhor maneira de lidar com o choro é responder prontamente nos primeiros meses de vida.

Vamos ajudar-vos a decifrá-los!

Fome: Se o bebé foi alimentado há cerca de três horas e acabou de acordar, talvez esteja com fome.

Cansaço: Quando o bebé está com menos energia, perde o interesse nas pessoas e nos brinquedos, esfrega os olhos, boceja e chora, são sinais claros de cansaço.

Incómodo por demasiados estímulos: Caso o ambiente esteja barulhento ou confuso, com sons altos ou muitas pessoas a dirigir-se ao bebé, ele pode fechar os olhos e começar a chorar. Tudo o que ele precisa é de alguma paz.

Frustração: Quando o bebé está a aprender a controlar as mãos, braços e pés, pode tentar colocá-los na boca, alcançar brinquedos e outras peripécias. Ele pode chorar por frustração e o que precisa é só de uma ajuda.

Solidão: Se o bebé adormecer no seu colo e acordar, pouco depois, a chorar sozinho no berço, pode estar a sentir falta do seu aconchego. Pegar nele ao colo, novamente, pode acalmá-lo.

Preocupação ou medo: O bebé pode assustar-se quando vai para o colo de um parente ou de um desconhecido. Explique à pessoa em causa que o choro é normal, pois ele precisa de se habituar.

Tédio: Conforme se desenvolve, o bebé quer explorar o mundo. Enquanto conversamos com alguém, além dele, por exemplo, ele pode cansar-se de ficar sentado no carrinho e iniciar um choro. Provavelmente, só precisa de algo para se distrair, trocar de posição ou ter um brinquedo.

Desconforto: Quando um bebé está desconfortável (molhado, com frio ou calor, por exemplo), tem tendência a contorcer-se ou a arquear as costas enquanto chora. Devemos agir por exclusão de partes, isto é, por exemplo, verificar a fralda; tirar ou colocar uma camada de roupa…

Cólica: Se o bebé chorar inconsolavelmente por longos períodos do dia ou da noite, ele pode estar com cólicas que, geralmente, passam após o quarto mês.

Dor: O choro de dor é repentino e estridente, podendo até incluir longos gritos seguidos, com uma pausa para recuperar o fôlego. No entanto, assim que se recupera, começa a chorar de novo. Para descobrir qual o motivo da dor, podemos medir a sua temperatura, tirar-lhe a roupa para procurar algum eventual hematoma e, se necessário, levá-lo ao médico.

Doença: em contrapartida ao anterior, este é um choro fraco e normalmente acompanhado por gemidos. Neste caso devemos mesmo ponderar consultar o pediatra.

 

E se nada disto se aplicar? Nós temos mais uns truques na manga para partilhar!

Há mais algumas formas de confortar o bebé quando ele chora, tais como: mudá-lo de posição (inclusive durante a amamentação); adicionar peças de roupa junto ao corpo ou cobertores na própria cama; pegar no bebé ao colo ou colocá-lo perto de si; falar, rir, dançar e cantar com ou para ele; balançar o carrinho do bebé para a frente e para trás ou sair com ele para dar uma volta.

Ainda há mais… se estiver calor, retire-lhe a roupa e faça massagens gentis e firmes (mas, durante o primeiro mês de vida, evite usar óleos/loções) ou contemple-o com um banho morno e relaxado.

 

Perante esta temática, podemos concluir que temos sempre como aliados os relatos dos nossos familiares ou amigos mais experientes, mas também e sobretudo os conselhos do pediatra, que são ajudas preciosas!

Além disso, quando o choro é em excesso e já tentámos de tudo infrutiferamente, apenas a ele podemos recorrer. Neste último caso, tente identificar o máximo de alterações no registo habitual do bebé, para que possa comunicá-las ao médico e contribuir para uma maior exatidão no diagnóstico. Sugere-se que descodifique se o choro vem acompanhado de outros sintomas, como a temperatura, o sono, a tonalidade ou erupções/lesões da pele, e até mesmo a respiração. Posto isto, consulte o pediatra para entender se há alguma causa extra e específica que deve ser tratada.

 

Tudo isto que acabámos de vos comunicar, nomeadamente as formas eficazes para compreenderem os choros do bebé, é deveras essencial para todos os intervenientes no processo de desenvolvimento do mesmo, uma vez que melhora a comunicação e as relações entre ambos.

É, também, muito importante cultivar a autoconfiança nas nossas capacidades de interação com o bebé, pois, ainda que inconscientemente, precisamos de o saber para sermos capazes de cuidarmos e de nos relacionarmos com ele, com frequência e cada vez com mais qualidade.

Note-se ainda que cada bebé é um ser único, por isso, devemos adequar especificamente os nossos comportamentos aos dos nossos bebés!